8 de maio de 2012

Escrevo porque sofro. Escrevo porque meu coração se corrói em chamas que o desespero atiça. Escrevo porque minh’alma é lambida por demônios que se embriagam com meu sonho.
Escrevo porque perdi as esperanças. Escrevo porque não sonho mais com homens. Escrevo porque já desisti de tudo e de todos. Então, escrevo.
A vida não basta e ele já sabia disto. A ficção complementa as fatias que o mundo tirou de mim. A poesia me dá de volta o oxigênio roubado pela desilusão. Os romances me devolvem o sangue que minhas lágrimas levaram consigo.
Escrevo porque é onde posso ter controle. É onde tudo faz jus às minhas leis, aos meus comandos, aos meus sorrisos, aos meus protestos, ao meu ódio, ao meu amor. Escrevo porque sou fraco e mortal. Escrevo porque não sei o que será do dia de amanhã.
Não sou Dostoiévski, Drummond, Andrade, Rowling, Hemingway. Sou Douglas Maranhão Marques. Fraco, corruptível, existencialista, comum. Contudo, sou forte, ético, surrealista, fora de ordem. O caos é meu cronograma. A infelicidade é a folha onde ele foi inscrito.
Lembranças, depressão. Escrevo porque fujo de tudo o que diz meu coração. Escrevo pela criança, inocente. Pelo velho, carente. Pela mulher, espancada. Só não escrevo, de jeito nenhum, pelo homem adúltero, pela mão que fere, pela arma que atira e pela verdade que não procede. Sou sustentado por cordas que o deus das marionetes me impôs.
Sou fraco, comum, lento e gradual.

Vivo minha vida esperando nada além do mal.

Porque a vida não basta. E os livros são a vazão de um sentimento que não me pertence.
Escrevo, por Douglas Marques
 

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